Criador e Criatura

O mito de Prometeu conta a história de um titã que ousou roubar o fogo divino e foi castigado por isso. No entanto, toda a humanidade se beneficiou de todo o engenho que o uso do fogo podia trazer. Não fosse a figura de Epimeteu (irmão de Prometeu) abrir a caixa de Pandora e libertar todos os males no mundo, ainda estaríamos vivenciando a Idade do Ouro.

Passemos ao “Prometeu Moderno” – como nos indica o subtítulo do romance Frankenstein. Temos a figura do cientista Victor Frankenstein que se arvora a ser como Deus e cria uma nova vida a partir do nada. Quem é o Prometeu?

Frankenstein dota a sua criatura (mesmo sem saber) de todo o fogo e engenho. A criatura aprende a falar, escrever, usar ferramentas e pensar como os humanos. Tudo iria bem não fosse o passo epimeteico do cientista que recusa a própria criatura e transforma a natureza benevolente desta na fúria vingativa de um verdadeiro monstro.

Porém, Frankenstein tem uma nova chance de “fechar a caixa de Pandora” se gerar uma nova criatura. O monstro promete parar sua vingança sanguinária contra a humanidade se o cientista lhe der uma companheira. Sem saber as consequências que a segunda criatura, sua Pandora, traria, Frankenstein nega novamente ao seu ser a única coisa que este deseja: aceitação.

Victor Frankenstein, antes do fim, se percebe como a verdadeira marionete a mercê do destino e seu Criador vingativo nem precisa mostrar as caras para que tudo se cumpra a Seu desígnio.